A polarização em torno da linguagem e sua relação com questões raciais ganha novo destaque no cenário político brasileiro, desta vez com a intervenção de Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente. Durante uma audiência da CPI das ONGs na segunda-feira, 27, a ministra repreendeu o presidente da comissão, Plínio Valério (PSDB-AM), por utilizar a expressão "caixa-preta", argumentando que é uma forma pejorativa de se dirigir às pessoas pretas.
A manifestação de Marina ocorre após a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, iniciar uma campanha contra o uso do termo "buraco negro", alegando que a expressão tem conotações racistas. Este movimento crescente no governo Lula destaca a sensibilidade em relação à linguagem e sua influência na percepção e inclusão racial.
Na audiência da CPI, Plínio Valério mencionou que a comissão "conseguiu abrir a caixa-preta", frase que desencadeou a reação de Marina Silva. A ministra argumentou que o termo, embora possa ter explicações alternativas relacionadas ao interior do objeto, não deve ser utilizado de maneira que remeta à raça das pessoas.
Vale ressaltar que a expressão "caixa-preta" tem sido historicamente associada a dispositivos utilizados em transportes, como aviões e carros, para registrar informações cruciais em eventos de acidentes. No entanto, a Ministra do Meio Ambiente destaca que em contextos políticos, seu uso pode ser interpretado de maneira negativa, especialmente quando aplicado de forma genérica.
Plínio Valério não emitiu declarações imediatas em resposta à repreensão de Marina Silva. Contudo, o episódio acrescenta um novo capítulo ao debate sobre a importância da escolha de palavras na esfera pública e destaca a necessidade de considerar o impacto racial em expressões aparentemente neutras.
A repercussão desse incidente na CPI das ONGs permanece incerta, mas a atenção crescente à linguagem sensível na política brasileira sinaliza uma mudança significativa na abordagem de discursos públicos, especialmente em temas relacionados à igualdade racial e inclusão.
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