Escândalo: Sindicato ligado a irmão de Lula é investigado por repasses milionários na “Farra do INSS”

 

Foto: Reprodução 


Documentos revelados nesta segunda-feira (18) mostram novos desdobramentos da chamada “Farra do INSS”, que investiga descontos irregulares em benefícios de aposentados em favor de entidades sindicais. Entre elas, aparece o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), presidido por Milton “Cavalo” Baptista e que tem como vice-presidente o irmão mais velho do presidente Lula, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico.


De acordo com as apurações, o sindicato firmou parceria com o banco Bmg e sua rede de financeiras, as Lojas Help!, para captar novos filiados. No entanto, milhares de aposentados relatam que foram surpreendidos com descontos em seus benefícios após contratar empréstimos consignados. Em alguns casos, os atendentes informavam que a cobrança era obrigatória; em outros, sequer mencionavam a filiação ao sindicato.


Repasses milionários para parentes e aliados


A investigação mostra que parte dos valores arrecadados pelo Sindnapi foi destinada à empresa Gestora Eficiente LTDA, registrada em São Paulo. A firma, que tinha como sócios parentes e cônjuges de dirigentes sindicais, recebeu pelo menos R$ 4,1 milhões em comissões entre 2020 e 2023.


Entre os beneficiados, estão a esposa de Milton Cavalo e o marido da advogada Tonia Andrea Galleti, diretora jurídica do sindicato e amiga próxima do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT). Tonia chegou a integrar o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e participou da equipe de transição do governo Lula em 2022.


O modelo de remuneração era simples: quanto mais aposentados tivessem descontos em folha, maiores eram os ganhos dos dirigentes e de seus familiares. Em 2020, os pagamentos à empresa chegaram a R$ 340 mil; em 2022, ultrapassaram R$ 1 milhão.


Crescimento explosivo das receitas


Os números do sindicato impressionam. Em 2020, o Sindnapi arrecadou cerca de R$ 23 milhões com descontos dos aposentados. Já em 2024, o montante disparou para R$ 154,7 milhões, um crescimento de 563%, segundo dados do Portal da Transparência.


Grande parte desse aumento veio da parceria com o Bmg: em 2022, enquanto menos de mil pessoas se filiaram diretamente na sede do sindicato em São Paulo, mais de 106 mil aposentados aderiram via banco.


Questionamentos e inação do governo


Apesar das evidências, a Advocacia-Geral da União (AGU) não ajuizou ações contra o sindicato até o momento, alegando que nada impede que medidas sejam tomadas futuramente. A omissão levanta questionamentos sobre o peso político do caso, já que envolve nomes próximos ao governo e figuras de relevância na estrutura sindical.


Enquanto isso, aposentados seguem relatando prejuízos e descontos não autorizados em seus benefícios.



Análise crítica


O escândalo da “Farra do INSS” mostra, mais uma vez, como a máquina sindical no Brasil virou um balcão de negócios sustentado pelo dinheiro dos mais vulneráveis. Aqui não se trata de defender aposentados ou lutar por direitos – trata-se de sugar o pouco que eles têm, com a desculpa de representatividade.


É revoltante ver que enquanto aposentados vivem com um salário mínimo, dirigentes e familiares de dirigentes sindicais estão faturando milhões em cima desses descontos obscuros. Pior: tudo acontece diante dos olhos do governo, que prefere fingir que não vê.


Quando o assunto é cobrar imposto ou cortar benefícios, o Estado é ágil. Mas quando envolve aliados políticos, parentes e amigos de poderosos, a desculpa é sempre a mesma: “estamos analisando”. Essa conivência deixa claro que, no Brasil, a lei pesa apenas para quem não tem força política.


No fim das contas, o sindicato se apresenta como defensor do trabalhador, mas age como predador. E quem paga a conta são os aposentados, enganados por uma engrenagem que mistura sindicalismo, política e negócios milionários. É a prova de que o discurso de “defesa dos pobres” cai por terra quando o caixa fala mais alto.


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