Uma das inspeções realizadas em 26 de maio revelou a ausência de antibióticos como Meropenem e Polimixina, além de trombolíticos, anestésicos, analgésicos, anti-inflamatórios, seringas, agulhas e álcool 70%. Também faltam materiais específicos para especialidades, como colírios, pomadas anestésicas e lâminas para uso na ala de queimados.
O relatório do Cremern alerta que essa escassez impacta diretamente o tempo de internação, favorece infecções hospitalares e pode resultar em mortes que poderiam ser evitadas. Em alguns casos, segundo relatos, médicos estão arcando com a compra de insumos do próprio bolso para manter os atendimentos.
Débitos com fornecedores ultrapassam R$ 4 milhões
Em documento enviado à Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), o chefe da Farmácia do Walfredo Gurgel, Thiago Bezerra, reconhece a situação crítica e atribui o colapso à inadimplência do Estado. O hospital acumula dívidas superiores a R$ 4,1 milhões com fornecedores, o que resultou na suspensão das entregas de insumos.
Entre os credores estão a UNI Hospitalar (R$ 1,3 milhão), a Conquista Distribuidora (R$ 617 mil) e a ROSS Medical (R$ 280 mil). Com a falta de repasses, setores essenciais como urgência, emergência, centro cirúrgico e laboratórios foram diretamente afetados.
Em Mossoró, Hospital Tarcísio Maia também sofre com colapso
A crise também atinge o Hospital Regional Tarcísio Maia. Uma inspeção realizada em fevereiro deste ano constatou problemas semelhantes, incluindo a indisponibilidade de insumos em leitos de UTI e paralisação de obras. Apesar da liberação para compras emergenciais, os problemas persistem, segundo o Cremern.
Problema é estrutural, diz conselho
O presidente do Cremern destaca que a falta de estrutura não se limita às duas unidades vistoriadas. Outras instituições da rede pública, como o Hospital Santa Catarina, também enfrentam dificuldades. Segundo o médico, a UTI da unidade estaria funcionando em condições precárias. “Esses hospitais recebem os casos mais graves. Sem materiais básicos, é impossível garantir um atendimento seguro”, alertou.
Sesap aponta queda na arrecadação e diz que há esforços em andamento
Procurada pela reportagem, a Sesap ainda não se pronunciou sobre o novo relatório. Em ocasiões anteriores, a secretaria reconheceu o impacto da perda de receita do ICMS, que teria retirado aproximadamente R$ 132 milhões da saúde estadual em 2024. A pasta informou ainda que as unidades dependem da Fonte 500, que possui repasses instáveis, e que há processos de compra em andamento, mas sem previsão de regularização.
Enquanto isso, o Cremern afirma que continuará acompanhando a situação e reforça que todos os relatórios foram enviados ao Conselho Federal de Medicina. Para o órgão, o atual estado da rede hospitalar representa uma ameaça concreta de colapso no sistema de saúde pública do Rio Grande do Norte.
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