Um relatório da Polícia Federal que detalha suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelou que entidades representativas de aposentados operaram durante meses sem cumprir uma das principais exigências de segurança: a validação biométrica dos beneficiários. A medida é considerada essencial para garantir que descontos em aposentadorias e pensões sejam autorizados pelos próprios segurados.
Entre as entidades mencionadas está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi), cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico — irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o documento, o sindicato seguiu ativo realizando descontos em folha entre junho de 2024 e meados de 2025, mesmo sem ter completado a checagem biométrica dos associados, exigida por norma publicada em março do mesmo ano.
A Instrução Normativa PRES/INSS nº 162 determinou que apenas instituições com biometria facial validada poderiam manter vínculos com o INSS para realizar descontos diretamente nos benefícios previdenciários. No entanto, a autarquia abriu uma brecha ao implementar o que chamou de “solução biométrica transitória”, permitindo que algumas associações continuassem operando sem cumprir completamente a regra.
O afrouxamento das exigências teria beneficiado também outras entidades, como a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), a Amar BR e a Masterprev. O relatório da PF menciona que diversos aposentados relataram não ter autorizado os descontos — e, em muitos casos, nem sequer sabiam da existência das organizações envolvidas.
Dois ex-dirigentes do INSS foram citados como responsáveis pela flexibilização indevida das normas: Geovani Batista Spiecker, que atuava como diretor substituto de Benefícios, e Alessandro Stefanutto, então presidente da instituição. Ambos foram afastados dos cargos.
Embora atue na liderança do Sindinapi, Frei Chico não foi incluído entre os investigados. Já o presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, é apontado como representante de uma corretora de seguros, a Crecresp, o que levantou suspeitas sobre um possível uso da estrutura sindical para favorecer interesses comerciais.
A reportagem entrou em contato com o INSS e aguarda esclarecimentos.
Faça parte da nossa lista de transmissão e receba notícias do blog no seu WhatsApp:
Postar um comentário