Nos últimos dias, em meio à crise com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatou a interlocutores no governo e no mercado financeiro ter feito uma combinação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Ambos concordaram que Campos Neto precisava “apanhar” um pouco para adotar uma postura mais “colaborativa” em relação ao governo.
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À parte o fato de o presidente do BC ter alinhamento político com Jair Bolsonaro — participando de grupos de WhatsApp e churrascos de ministros e votando com a camisa da seleção brasileira, por exemplo — Haddad e Lula afirmam nos bastidores que o problema mesmo teria sido "o comportamento" de Campos Neto, sugerindo que ele teria sido desleal.
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Um exemplo seria o fato de ele ter dito, nas conversas que tiveram logo após a posse, que achava que a meta de inflação deveria ser um pouco maior do que os atuais 3,25%, e depois ter publicado um comunicado excessivamente duro sobre a política econômica do governo.
No auge da crise, a irritação era tanta que os ministros mais próximos de Lula chegaram a dizer que agora, mesmo que Campos Neto propusesse subir a meta de inflação, o governo é que não ia mais querer.
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Mesmo assim, Haddad e Lula combinaram que haveria um limite para os ataques, e que eles iriam só até onde fosse necessário para enquadrar o presidente o BC, sem queimar totalmente as pontes entre eles.
Ambos sabiam que não havia chance de Campos Neto renunciar ou de aprovar no Congresso qualquer medida acabando com a autnomia do BC.
Aparentemente, o objetivo foi atingido.
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Além de a ata da última reunião do Copom ter vindo mais "amigável", como disse Haddad, nos últimos dias, Campos Neto conversou com ministros como Simone Tebet e Alexandre Padilha para distensionar a relação com o governo.
Agora já se considera provável que a meta de inflação seja revista na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que ocorre no dia 16. O conselho é composto pelo ministro da Fazenda, o do Planejamento e o presidente do BC.
O Globo
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